Dicas e Generalidades

Egito, nossas primeiras impressões.

Acabamos de voltar do Egito, por isso estou começando por essa viagem. Eu tive um extraordinário professor de História da Arte, Prof. Roberto, que incutiu em mim um amor incondicional pela arte. Confesso que, na época, me apaixonei pela Grécia (esse vai ser assunto pra outro post), portanto, fui primeiro para lá. Ao chegar ao Egito, entretanto, fui tomada de assalto pela incrível magnitude das obras faraônicas (literalmente), sua beleza, sua engenhosidade, seu povo e sua cultura.

Bem,  eu gostaria de começar esses posts (sim, serão muitos, tudo é tão extraordinário que não cabe em um só) contando um pouco da história do Egito, se me permitem, afinal, somos professores.

A história do Egito começa com a unificação do Alto Egito (formado pelos territórios às margens do Rio Nilo da atual região de Assuan até Dachur, norte do Cairo) e do baixo Egito (que compreende do sul do Cairo até o Mar Mediterrâneo, incluindo a fértil foz do Rio Nilo), há aproximadamente 3.200 AC, pelo Rei Nermer, que fundou a primeira das trinta e uma dinastias de faraós. A capital do Egito foi mudada de Abydos para Memphis, a principal cidade no Baixo Egito. O Egito ficou conhecido, a esse tempo, como o Império de Memphis, e historiadores citam esse como um dos períodos de maior prosperidade.

A terceira dinastia começa com Djoser, que mandou construir a primeira pirâmide. Antes dele os faraós eram enterrados em mastabas, túmulos construídos com pedras, contando com túneis e câmaras subterrâneas, decoradas com cenas da vida e artefatos necessários para a vida pós morte. Imotep, arquiteto de Djoser, teve a idéia de construir uma mastaba menor sobre a outra, o que culminou com a famosa pirâmide de degraus encontrada em Sakara.

A segunda dinastia, do Faraó Sneferu, filho de Djoser, ficou eternizada pela primeira pirâmide como nós a conhecemos atualmente. Na verdade, ele pediu para seu arquiteto construir seu túmulo, e foi construído um túmulo que era quase uma pirâmide, hoje conhecida como pirâmide arredondada, porque seus vértices não eram retos. Sneferu não gostou e mandou construir outra, a primeira pirâmide da maneira como a conhecemos, que se encontra em Dachur.

Três dinastias se seguiram, dos faraós Khufu, Khafre e Mankaure.

O filho de Sneferu, Khufu ( chamamos de Quéops) ultrapassou o pai, mandando construir a Grande Pirâmide, no Vale de Gizé. Não viveu para vê-la pronta ( a construção levou 30 anos), mas seu filho Khafre (Quéfren) terminou a construção e construiu uma pirâmide um pouco menor, para si mesmo. Finalmente, Mankaure ( Miquerinos) filho de Khafre, construiu a terceira pirâmide, um pouco menor do que a de seu pai. Próximo à pirâmide de Khufu encontramos três outras pequenas pirâmides, construídas para seus filhos que faleceram antes dele. O mesmo acontece próximo à pirâmide de Mankaure, onde três pequenos túmulos abrigam seus filhos.

Mas os faraós tinham um pequeno problema: saqueadores de túmulos. Assim, os próximos faraós construíram seus túmulos no Vale dos Reis, próximo a Luxor. Entalhados em rocha sólida, são obras primas que podem ser visitadas atualmente, e que ficavam escondidos sob a areia para proteção contra os saqueadores.

Bem, mas voltemos às dinastias.

Os três faraós anteriores eram conhecidos como Filhos de Rá, o deus Sol, sendo, portanto, deuses vivos.

A sexta dinastia, do Faraó Pepi II, que subiu ao trono com seis anos e reinou por 94 anos, o mais longo reinado do Egito. Mas o faraó perdeu muito do seu poder, sendo que no final do seu reinado os nomarcas, funcionários administrativos do faraó lutavam pelo poder, criando um tempo de anarquia que durou da sétima dinastia, por volta de 2180 AC até a décima primeira dinastia.

A décima primeira dinastia começa por volta de 2060 AC, com o faraó Mentuhotpe I, seguido por Mentuhope II e III, período de florescimento do comércio, com a abertura de uma rota para o Mar Vermelho.

A décima segunda dinastia foi fundada por Amnenhat I, que levou o Egito a um período de grande prosperidade, sendo seguido por seu filho Senusert I, que dividiu o trono com Amnehat II, seguidos por Senurset II. Nesse período foram iniciadas rotas de comércio com os fenícios. Senurset III foi um faraó que colonizou a Núbia, avançou até a Palestina e construiu muitas fortificações na fronteira com o Sudão.

À prosperidade da décima segunda dinastia seguiu-se um período de obscuridade, com invasões dos campos férteis do Nilo por povos estrangeiros, liderados pelos Hyksus, que durou cerca de um século.

O poder foi retomado por príncipes egípcios, até que, por volta de 1622 AC, o Faraó Ahmose retomou os territórios conquistados, reunificando o Egito, fundando a décima oitava dinastia. Iniciava-se novo período de grande esplendor artístico e cultural. Nesse período a capital do Egito estava em Thebas.

Em 1580 AC o Egito dominava todo o mundo então conhecido. Com a morte do faraó, sua filha, Hatshepsut se casa com seu irmão Tuthmosis I, que tinha interesse em realizar mais conquistas militares. Como ela não teve um filho, ele tem um filho com uma concubina, Tuthmosis II. Hatshepsut toma o poder e aprisiona seu sobrinho, passando a reinar como faraó, usando barba e roupas masculinas, por 22 anos. Quando Hatshepsut morre, Tuthmosis III reclama o trono, reinando por 33 anos,  dos períodos de florescimento do Egito.

Em 1372 AC o trono passa para Amenhotep IV, que faz uma reforma religiosa, criando a primeira religião monoteísta, que cultuava apenas um deus; Aton, o deus sol, proibindo o culto aos outros deuses. Mudou seu nome para Akhenaton, e a capital para uma nova cidade chamada Akhetaten. Os sacerdotes não aceitaram a nova religião, e Akhenaton é deposto, seguindo-se a ele o famoso Tuthankamon, após um breve período de reinado da irmã e esposa de Akhenaton, a bela Nefertiti. A capital volta a ser Thebas, e Tuthankamon reina dos oito até os dezoito anos quando, subitamente, morre.

Para evitar a anarquia, o general Horenheb toma o poder, casando-se com a viúva ( e irmã) de Tuthankamon (alguns acreditam que ele possa ter matado o jovem faraó).

Segue-se a Horenheb faraós militares: Ramesses I, Seth I e Ramesses II, o Grande.

Encontram-se obras de Ramesses II por todo o Egito (apesar do habito de colocar seu nome em obras de outros faráos), que reinou por 67 anos, morrendo com mais de 90 anos, tendo tido mais de 200 filhos. Ramessés II retoma as conquistas dos territorios núbios e hititas, estendendo as fronteiras do Mediterrâneo até o Sudão. Encontram-se monumentos em Luxor, Karnak e Abu Simbel, celebrando suas conquistas e reafirmando seu poder sobre os povos conquistados . Seu fiho Merneptah o sucedeu, iniciando o declínio do Egito.

A vigésima primeira dinastia começa e, 1070 AC, sendo a capital Tanis.

A vigésima segunda dinastia vê o Egito ser tomado por por Reis Líbios e, a seguir, da Etiópia, sendo a capital mudada para o Sudão.

A seguir o Egito é invadido pelos persas, na vigésima sétima dinastia.

Em 332 AC o Egito é conquistado por Alexandre, o Grande, que se declara Faraó e deus do Egito no oráculo de Luxor. Alexandre funda a cidade de Alexandria, onde se encontravam o colosso de Rodes, uma magnífica estátua que foi destruída por um terremoto, e a Biblioteca de Alexandria, também destruída por um incêndio.

Com a morte precoce de Alexandre, o Império é dividido por seus generais, sendo que o Egito fica sob o governo de Ptolomeu, iniciando as dinastias Ptolomaicas, das quais Cleópatra é descendente.

Os séculos que antecedem o nascimento de Cristo assistem ao declínio do Egito, aumentando o poder de Roma sobre ele.

Para terminar, existiram várias Cleópatras, sendo a mais famosa a sétima. Filha de Ptolomeu XII, casou-se com seu irmão Ptolomeu XIII, que morreu pouco tempo depois. Casou-se novamente com seu outro irmão Ptolomeu XIV.

Os faraós do período ptolomaico eram gregos, e não falavam a língua egípcia. Cleópatra VII, descrita como de grande cultura, falava várias línguas, sendo a primeira a aprender a língua egípcia. Para manter o poder sobre o Egito encantou, primeiro Julio Cesar, de quem teve um filho: Cesarion (Ptolomeu XV) e, depois de sua morte, Marco Antonio. Era sua idéia governar o Egito e Roma, já que Cesarion era o único filho legítimo de Julio Cesar. Esse foi um dos motivos que levou Augustus, filho adotivo de Júlio Cesar, a atacar o exército de Marco Antonio que, derrotado, se mata com sua espada. Cleópatra, que entre seus muitos talentos tinha o conhecimento de venenos, morre envenenada. Cesarion é capturado e some na história, talvez morto.

Ok, exagerei !! Prometo que os outros posts serão mais interessantes, mas conhecer a história do Egito é fundamental para apreciar devidamente sua herança, algo que aprendi lá, com os maravilhosos guias que tivemos o privilégio de conhecer.

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